Carta aos Romanos - Capítulo 11 (Explicação e Estudo)

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CARTA DE PAULO AOS ROMANOS - CAPÍTULO 11.1-36

Introdução

O capítulo 11 vem fechar de forma brilhante toda a argumentação que o apóstolo Paulo vem construindo desde o capítulo 9. Porém, a questão iniciada no capítulo 10 (vs. 19-21), acerca de Israel estar ou não permanentemente abandonado por Deus devido à rejeição, recebe uma resposta muito bem elaborada neste desfecho. A relação de Paulo e sua posição acerca de Israel é visível, e por mais que muitos discordem, ele deixa claro que Deus não rejeitou ou excluiu o povo judeu dos planos de redenção (v.1) e manterá suas promessas. Paulo faz a 1ª pergunta deste capítulo e vai usar seu próprio testemunho como exemplo na resposta, considerava-se um perseguidor, “um assassino”, o “principal dos pecadores” (1Tm 1.15) e Deus não o rejeitou (argumento válido), sendo ele “israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.” (v.1). Deus tem uma Só palavra – a verdadeira! Ele não voltará atrás em suas promessas incondicionais. (leia Jr 33.14-26).

Dica de estudo:
leia o cap.11 de Romanos na sua Bíblia; depois os textos complementares de apoio abaixo.

Análise do texto – Vers. 2-36

(1) “Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel (pediu a Deus contra Israel), dizendo: “Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma (me matar; cf. 1Rs 19.10)”. Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal (estes já existiam; eram fieis por opção pessoal, Deus apenas os conservou debaixo de Sua graça). Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça. Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra. Pois quê? (ou, que diremos então?) O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos (os que aceitaram a Boa Nova e creram; judeus ou gentios) o alcançaram, e os outros foram endurecidos. Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem (tipo de cegueira espiritual), e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje (Is 29.10). E Davi diz (Sl 69.22,23): Torne-se-lhes (transforme-se) a sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição; Escureçam-se-lhes os olhos para não verem, e encurvem-se-lhes continuamente (para sempre) as costas... (como na velhice, trêmulos e fracos)(Romanos 11. 2-10 – ACF)

Deus errou na escolha deste povo que “antes conheceu”? Claro que não! Isso mostra que Ele (Onisciente) de fato conhecia (presciência) a obstinação deles (mas, também o valor; Ele os escolheu em Abraão), mas não estabeleceu nenhuma separação prévia de “fieis” (remanescente), e “infiéis”. A experiência de Elias é usada como forma de conforto para os prováveis judeus ali convertidos, e com isso gerar neles conscientização sobre o assunto. O destino de Israel é exposto, e mesmo em desobediência (como na época de Elias), haverá, num tempo futuro, a libertação do seu povo, um remanescente fiel que se voltará para a sublime graça de Deus (favor imerecido e “quem crer será salvo...”), e não para suas próprias “obras” (cerimoniais ou morais). Estes, o Senhor também conservará debaixo de Sua graça. “O que diremos então?” (Qual a conclusão de tudo? v.7), o total de Israel não pode ser justificado, apenas os que puderam crer; os outros foram endurecidos, por causa de preconceito, incredulidade, dureza de coração. Isto levou Deus a retirar Seu Espírito deixando-os na sonolenta cegueira que existe até nossos dias (uma forma punitiva pelo pecado; Is 29.10). O próprio pecado, a desobediência se voltou contra eles.

(2) “Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda (transgressão; rejeição) veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação (deixar os judeus com ciúmes). E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!”
Paulo segue sua argumentação e trata do futuro de Israel, que não foi rejeitado para sempre. Deus considera a transgressão, embora a trate com disciplina (como a filhos), “um escorregão”, refere-se à sua incredulidade (v.20), “tropeçaram” ... assim, graças a isso, a salvação pode ser estendida (tornar-se riqueza), aos gentios (cf At 13.46). A sua queda, a sua redução diante do mundo pode até ser “riqueza” para gentios, mas a renovação judaica foi prometida e acontecerá”! (veja Zc 8.23; 12.10; 14.11,16)
“Porque convosco falo, gentios (mostra os destinatários da carta em Roma), que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto (glorifico; ou me glorio em não ter vergonha... forma de valorização... leia v. 18; 2Co 9.2; 10.13; 12.9 Gl 6.14) o meu ministério; para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação (ou enciumar) os da minha carne (meu povo, os judeus) e salvar alguns deles. Porque, se a sua rejeição é a reconciliação do mundo (o fato de terem sido rejeitados permitiu a reconciliação com o ser humano perdido), qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos? (vida para um mundo moribundo) E, se as primícias são santas, também a massa o é; se a raiz é santa, também os ramos o são (será santa a sua totalidade).” (Romanos 11. 11-16 – ACF)

A preservação dos judeus até aos nossos dias é uma prova que Deus ainda os tem em seus planos. Houve um propósito para essa rejeição temporária; houve a queda, mas haverá restauração (cf. vs. 25,27). Paulo usa um artifício de provocar o ciúme, até inveja... e que isso os despertasse para a verdade – a salvação, ou seja, que eles vissem e tivessem consciência do que estavam perdendo... Por outro lado, “os gentios”, e somos todos os que não são judeus, necessitamos ter consciência que por Deus nos amar e salvar, não somos superiores a eles (orgulho, autoafirmação, autossuficiência), afinal todos, sem distinção, são alvos do mesmo amor de Cristo e carecem de sua graça e misericórdia. Todos nós (judeus e gentios), fomos reconciliados por meio de Cristo (leia, Ef 2.11-18). Os judeus (primícias) foram a primeira porção e esta ainda precisa ser entregue a Deus (uma oferta digna), em sua totalidade (total remanescente fiel). Faço aqui uma observação: a dedicação, consagração, entrega, como podemos ou quisermos definir, em relação a eles, significa uma consagração de todos desde os patriarcas e seus descendentes, o que mostra que é possível sim haver uma “massa” de judeus que se renderá a Cristo no tempo oportuno da Oferta. Deus não os esqueceu, nem abandonou, apenas está em pleno exercício de sua disciplina de Pai (ou esposo), do seu povo.

(3) “E se alguns (não todos) dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro (oliveira brava), foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories (exaltes; ensoberbeças) contra os ramos (judeus); e, se contra eles te gloriares, (lembra-te) não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Está bem (isso é correto); pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças (orgulhes), mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também. Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado. E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar. Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro (oliveira brava) e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira! (Romanos 11. 17-24 – ACF)

Paulo está observando aqui o imenso privilégio que temos em fazer parte (não sermos a...), da Oliveira legítima. Neste sentido, precisamos ter cuidado com a prepotência, arrogância, orgulho por termos sido enxertados (cf. vs. 18,20; talvez o caso de muitos gentios convertidos que desprezam os judeus). Vale lembrar que enxerto é algo que não nasceu de forma natural num tronco. Houve um motivo pelo qual os ramos foram quebrados, ou seja, uma condição – incredulidade, rejeição. Notem que mesmo neste tempo da graça o Senhor não pôde fazer mais milagres na sua região por causa da incredulidade (Mt 13.58). Mas, tudo isso não nos isenta de uma atitude de humildade, temor (e gratidão), que é o que o Senhor espera daqueles que lhe entregaram a vida, mediante a fé (vs. 20,22), o que nos mantém de pé. Jesus não os condenou, pelo contrário, os perdoou mesmo em agonia na cruz, “porque eles não sabiam o que faziam” (Lc 23.24). O perdão do Senhor permanece sobre o seu povo, a restauração virá! Voltarão a receber da seiva para a vida, da fonte que jorra do nosso Senhor (v.24). Todos nós (judeus e gentios), em Cristo Jesus devemos aguardar, pois a fidelidade do Senhor às suas promessas será confirmada. Quando houver o arrependimento e se cumprir o tempo de provação do seu povo, Deus os restaurará (salvação), em sua própria oliveira (lembrando que esta é uma metáfora para o Israel de Deus).

(4) “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (mistério; verdade não revelada no A.T., mas esclarecida no N.T.), para que não presumais de vós mesmos (não se achem “sábios”): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador (Sl 14.7; Is 46.13), E desviará (afastará) de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados. Assim que, quanto ao evangelho, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais (patriarcas). Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento (irrevogáveis; não podem ser cancelados). Porque assim como vós também antigamente fostes desobedientes a Deus, mas agora (presente) alcançastes misericórdia pela desobediência deles, assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada (a mesma concedida a vocês). Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia.” (Romanos 11. 25-32 – ACF)

O que Paulo quer que seus leitores entendam é que houve um motivo para o “endurecimento” parcial (uma parte) e por um período determinado, que Deus causou a Israel: 1º a incredulidade deles (rejeição ao Messias); e, 2º o tempo necessário para a salvação do máximo possível dos gentios. Infelizmente o ego, a arrogância e orgulho por causa do privilégio que Deus concedeu, poderia leva-los a pensar (até acreditar) serem a única igreja ou, que a romana fosse a mais importante. Jeremias e Isaías já haviam predito o que Paulo cita (Is 59 20,21; 27.9). “Todo o Israel salvo”, refere-se ao total do remanescente (representa a nação), que permanecer fiel a Deus na vinda de Jesus, o libertador que desviará a impiedade de Israel e o salvará no futuro. No tempo presente eles estão tão fora da presença de Deus tanto quanto os gentios – ambos precisam aceitar o Salvador para se tornarem Igreja. Da mesma forma que os gentios encontraram a misericórdia e graça do Senhor, os judeus também podem como Paulo crê acertadamente (veja 1Tm 1.12-14). A eleição refere-se (como já vimos em estudos anteriores), aos judeus que crerem e entrem no rol dos eleitos salvos em Cristo. Contudo, ainda existe uma dificuldade a ser transposta: como é possível haver salvação para os judeus, sendo que eles por sua incredulidade rejeitaram a Cristo? A resposta já foi parcialmente dada na explicação anterior. Todo aquele (independentemente de ser judeu ou gentio) que crer pode tornar-se herdeiro espiritual da promessa de justificação (cf. Rm 4; Gn 15). Em relação aos demais, devemos levar em conta a promessa incondicional (não pode ser quebrada) feita a Abraão sobre a terra (prometida) e domínio (Gn 15.7-21; 13.15; 17.8), que ainda será cumprida no futuro, por isso serão novamente enxertados (v.26). Jesus já havia falado desse tempo (Mt 24.30-33), e também quando responde seus discípulos (At 1.6,7). Assim, podemos entender porque “os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis” (incondicionais, imutáveis; v.29), pois Ele jamais voltará atrás naquilo que de antemão determinou para seu povo judeu, e nem de ter proporcionado por Sua graça e misericórdia, salvação àqueles que não eram seu povo, os gentios; Deus não levará em conta a desobediência (hostilidade) para sempre, afinal, todos estão em desobediência, da mesma forma que pode usar de misericórdia para com todos igualmente.

(5) “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência (conhecimento) de Deus! Quão insondáveis (inexplicáveis, profundos) são os seus juízos, e quão inescrutáveis (incompreensíveis, impenetráveis) os seus caminhos! Porque, quem compreendeu (conheceu) a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu (algo) primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado (ou restituído)? (Jó 41.11) Porque dele e por ele (por meio Dele), e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.” (Romanos 11. 33-36 – ACF)

Após sustentar aspectos importantes sobre o favor de Deus em relação ao seu povo, o apóstolo chega a um momento sublime de grande exaltação (Doxologia2) à sabedoria e conhecimento de Deus (atributos), sabendo que a Sua direção é perfeita e o fim direcionado pelo conhecimento prévio de todas as coisas. Isto é algo insondável para nós humanos (v.33), além de nossa capacidade, afinal que pode conhecer a Sua mente? (v.34; cf. Is 40.13), contudo a ciência tem mostrado (ao longo da história humana), a infinita sabedoria e conhecimento de uma Mente infinitamente Superior que para nós tem designação – DEUS, o Supremo Criador e Sustentador de todas as coisas; revela-se muito mais graciosa, a nós, por sua bondade e amor nos trazendo salvação, algo que não conseguiríamos por nosso próprio mérito ou conhecimento. Por isso, só nos resta render-Lhe toda a honra e louvor, como Paulo fez, dando ao criador, sustentador e motivo de toda a existência, bem como o fim, “glória, pois, a Ele eternamente. Amém.”
Deus vos abençoe e vos guarde... 

Por Ricardo Sousa

DICIONÁRIO BIBLIOGRÁFICO:

1 “benignidade” – vários sinônimos são usados nas versões bíblicas: bondade, misericórdia, amor, amabilidade... Alguns defendem ser predisposição para o bem, desejar o melhor ao próximo por sermos cheios do amor de Deus. Creio que neste texto, Paulo como conhecedor dos antigos escritos, traz o termo vinculado ao A.T. (heb. “hesed”), muito usada nos Salmos. Alguns têm sugerido traduções para esse termo, por ser de etimologia incerta. O autor J.D Douglas observa que esta palavra está ligada às ideias de pacto e fidelidade, podendo seu significado ser sintetizado como “amor constante à base de uma aliança”, e isso reforça a atitude e amor de Deus para com o seu povo e sua Palavra.

2 “Doxologia” – gr. “doxa”, glória; “logos”, “logia”, palavra. Manifestação de louvor e enaltecimento a Deus... (Andrade, Dicionário Teológico), por meio de expressões relacionadas à adoração, como “louvado seja” ou que expressam louvor ao Nome, aos feitos, à Grandeza... de DEUS.

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Att:Paulo Diego Alves