EPÍSTOLA AOS GÁLATAS – CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO: Em suas cartas a outras igrejas (Romanos, 2 Coríntios,
Efésios, Filipenses, Colossenses e Tessalonicenses), Paulo inicia com um elogio
aos leitores por causa de suas obras e perseverança na fé, mas em Gálatas V.1 e
2 não. O problema central pelo qual o Apóstolo esta lutando torna-se evidente
nos cinco primeiros versículos deste capítulo. Paulo também alerta os gálatas
por serem tão facilmente enganados por falsos ensinos e falsos mestres, denotando
a rapidez com que muitos estavam se desviando da verdade que haviam aprendido.
O Apóstolo sabe que alguns se levantaram contra
o seu ministério tento o desmerecer e o acusar, porém com muita sabedoria e
graça, ele se defende lembrando que o evangelho que aprendeu não foi revelado e
nem dado por homens, mas sim pelo próprio Senhor Jesus. No final do capítulo
Paulo conta um pouco da sua vida pós-conversão, mostrando que assim como os
discípulos passaram três anos com o Mestre Jesus, aprendendo e convivendo, também
teve seu momento e tempo de aperfeiçoamento.
Análise
do texto – Vers. 1 ao 9
(1) “Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por
Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos), e todos os irmãos que estão comigo, às igrejas
da Galácia: Gálatas 1:1-2 | ARC.
Em sua saudação, Paulo reforça
que não era escolhido por meio de homens (vontade humana), mas escolhido e
chamado pelo Próprio Jesus. Falsos mestres haviam minado a autoridade de Paulo
como Apóstolo aos olhos de muitos da igreja. Consequentemente, eles conseguiram
desviar os crentes das instruções que haviam recebido de Paulo no passado. Ele
se vê forçado a iniciar sua carta com uma firmeza quase que intimidadora (porém
com autoridade): “Sou um apóstolo
escolhido diretamente pelo Senhor”.
Por meio de Jesus Cristo e Deus pai... Na mesma frase Ele ainda afirma que o Deus Pai esteve
envolvido em seu comissionamento, sabemos muito bem que a Trindade (Deus Pai,
Jesus o Filho e o Espírito Santo) possuem papéis diferentes, porém são
indivisivelmente Deus. Além disso, a menção de Deus o Pai e do Deus Filho
corrobora para a autoridade das palavras de Paulo. Tal como os profetas no
antigo testamento, o apóstolo é porta-voz de Deus.
Já no versículo 2, Paulo usa o termo “Irmãos que estão comigo” ou e “todos os irmãos meus companheiros” para desmitificar a imagem que os falsos mestres tentavam pintar sobre ele, os tachavam de um lobo solitário, isso faziam para tentar minar a sua posição e autoridade. É por esse motivo que ele menciona os vários irmãos que trabalharam com ele e que jamais dariam ouvidos a mentiras. Ainda que alguns já tivessem se corrompido, os remanescentes permaneciam firmes.
(2) “graça e paz, da parte de Deus Pai
e da de nosso Senhor Jesus Cristo,
O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus, nosso Pai,”. (Gálatas 1:3-4)| ARC.
"Graça e paz” são duas palavras proeminentes
na Bíblia. Observemos atentamente o seu significado:
Graça- um presente do amor sacrificial
e incondicional de Deus para com o homem, que é indigno dele e jamais será
capaz de pagá-lo em sua totalidade. A essência da graça de Deus é a salvação da
penalidade do pecado (ls 53.5-6; Ef 2.8-10).
Paz- a ausência de hostilidade entre
Deus e a pessoa salva. A paz de Deus também é parte do fruto do Espírito (Gl
5.22-23), o resultado da obra da graça na pessoa salva (Rm 5.1). Na epístola
aos romanos, Paulo ensina que o Messias Se entregou a Si mesmo como sacrifício
para expiar nossos pecados enquanto ainda éramos pecadores e até “inimigos" de Deus (Rm 5.8-10).
Sendo assim, o versículo 4 ressalta o poder da graça de Deus em comparação com
a indignidade do homem. Nossa salvação depende do começo ao fim, da bondade de
Deus, de Sua graça somente e não da qualidade ou perfeição de nossas obras (veja
também 1 Tm 2.3-7; Tt 2.14; 1 Pe 3.18).
(3) “ao qual
glória para todo o sempre. Amém!”
Gálatas 1:5 | ARC.
Paulo encerra sua saudação
tributando toda honra, glória e louvor a Deus. Pois tudo que Deus faz em nós e
através de nós, deve ser sempre para a o louvor da sua Glória. Eis o motivo
pelo qual muitos acabam deixando que a soberba e o orgulho entrem no coração.
Pastores, líderes, cantores, pregadores que se esquecem que tudo é pela graça e
misericórdia do Senhor, sem Ele, nada podemos fazer.
(4) “Maravilho-me de que tão depressa passásseis
daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é
outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de
Cristo”. (Gálatas 1:6-7) | ARC
Paulo ficou surpreso com a facilidade com que os cristãos na Galácia
abandonaram a verdade em favor do ensino falso. Eles estavam rejeitando o
evangelho puro e genuíno sendo assim se afastando dia após dia do caminho no
qual foram ensinados. Desde aqueles tempos homens querem mudar o evangelho de
Cristo, dizem o que a palavra não diz ou distorcem a palavra para enganar. É preciso cautela e coragem para combater
este mal, pois a bíblia nos alerta quanto a esse assunto:
“Porque virá tempo em que não suportarão
a sã doutrina; mas, tendo comichão
nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” (2 Timóteo 4:3, 4).
É necessário permanecer com a verdade, jamais podemos deturpar a palavra
para justificar algum objetivo ou erro particular. Somente a palavra do Senhor
pode nos guiar e mostrar a vontade plena do nosso Senhor.
(5) “Mas,
ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que
já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de
novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já
recebestes, seja anátema.” Gálatas
1:8-9 | ARC.
À medida
que o tempo passou, o número de crentes gentios nas igrejas cresceu numa taxa
muito maior do que a dos judeus crentes. A influência judaica diminuía à medida
que a gentílica aumentava. Justamente nesse momento, os falsos mestres
chegaram, procurando preservar a natureza judaica da igreja, usando de meios
corruptos e de propósitos egoístas:
1. Eles ensinaram “outro
evangelho", que era: os gentios que cressem, precisariam ser circuncidados e observar a Lei
Mosaica para serem salvos (At 15.1; GI 2.3-5, 11-14; 3.3-5; 4.8-11, 21-31;
5.1-4; 6.12-13). Desta forma, eles procuraram desacelerar a influência
gentílica dentro da igreja e estabelecerem a si mesmos como "exemplos" a serem seguidos.
2. Os falsos mestres tinham uma
segunda motivação: eles não
estavam dispostos a sofrer e a serem perseguidos "por causa da cruz de
Cristo" (6.12): Eles queriam
continuar desfrutando da liberdade religiosa que o Império Romano concedeu ao
judaísmo sob a condição de "religiolicita"
(religião permitida). Eles não estavam preparados para sofrer como cristãos,
que eram perseguidos pelas autoridades como membros de uma "nova religião", proibida pela lei romana (6.12; 2 Tm
3.12). Uma vez que os falsos mestres já haviam começado a causar dano, o
apóstolo Paulo escreveu esta carta com grande urgência, na esperança de conter
a maré de ensinos enganosos e de pessoas confusas que estavam sendo conduzidas
para o aprisco dos legalistas.
Conclusão:
Quando
observamos o poder de persuasão dos falsos ensinadores, fica evidente o perigo
que muitos cristãos correm. Pois se não conhecemos a verdade como vamos
defendê-la? Se não estudarmos a bíblia como identificaremos os danosos e falsos
ensinos que surgem aos montes por aí? O “Outro
Evangelho” tem sido pregado todos os dias; nas redes sociais, lives de
revelações e púlpitos corrompidos. Nunca se viu em toda história, pessoas que
correm atrás de movimentos e congressos, enquanto nossas escolas bíblicas são
cada vez mais escassas e vazias (não de conteúdo), mas de pessoas interessadas
em aprender e conhecer as escrituras. O que tem atraído multidões não é a cruz
e o sofrimento, mas sim o evangelho de facilidades e somente de bênçãos.
Glorifico a Deus porque os remanescentes estão de pé, estudando e aprendendo mais
da palavra. Vamos aplicar o nosso coração em aprender da verdade e conhecer a
vontade de Deus para nós.
Análise
do texto – Vers. 10 ao 17
(1) “Porque persuado eu agora a
homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos
homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho
que por mim foi anunciado não é segundo os homens, porque não o recebi, nem
aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.” (Gálatas 1:10-12) | ARC.
Aqui está um dos motivos
de não viver um falso evangelho: ele
é para agradar homens e satisfazer o seu desejo. Mas Paulo entende que o
verdadeiro evangelho é fazer a vontade de Deus e aquele que busca agradar aos
homens jamais poderá agradar ao Senhor. Já percebeu que o “evangelho” que
agrada homens é o que não confronta o pecado e que restringe tudo apenas em
“amor”? Com certeza você já ouviu:
-
Peça e insista nisso, porque Deus te ama e vai te dar;
-
Não aceite essa doença, porque Deus é amor e não quer te ver doente, doença é
coisa do diabo, cristão não fica doente.
-
Não importa a tua situação e o quanto você peque, Deus te amará incondicionalmente,
e como Deus jogaria no inferno alguém que Ele ama?
Essas frases são exemplos
de um evangelho centrado na vontade dos homens, Pois ao contrário a essas
coisas, podemos ver Paulo orando por três vezes, pedindo para Deus lhe dar a
vitória, qual foi a resposta de Deus?
“Acerca do qual três vezes orei ao Senhor
para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu
poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas
fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. (2 Coríntios
12:8,9)”
Deus
não amava Paulo? Será que o Senhor queria ver o sofrimento do apóstolo? Isso
nos ensina que Deus faz o que bem quer na hora e momento que quiser. É claro
que se algo nos incomoda e entristece, devemos levar a Deus em oração, mas
devemos entender que a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável.
(2) “Porque
já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira
perseguia a igreja de Deus e a assolava. E, na minha nação, excedia em judaísmo
a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.
Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me
chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre
os gentios, não consultei carne nem sangue,” (Gálatas
1:13-16) | ARC.
Em outras
palavras Paulo disse:
“Porque
já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, vocês mesmos sabem
que no passado lutei com todas as minhas forças contra esta fé e contra aqueles
que a seguiam, mas quando Deus abriu meus olhos eu compreendi a diferença entre
verdade e erro".
Paulo era
um judeu zeloso e um homem muito capaz. Se fosse julgado pelos padrões da
obediência religiosa, ele teria obtido as melhores notas (At 22.3-5). Se ele tivesse rejeitado a verdade que ouviu de Cristo
e seguido nas tradições rabínicas, ele provavelmente teria obtido um lugar de
honra entre os líderes religiosos, no entanto, enquanto isso continuaria
separado de Deus.
O apóstolo
está dizendo, com efeito: “Os falsos
mestres querem que vocês sejam obedientes a todos os mandamentos e tradições
que Deus não espera mais que vocês cumpram”. Mas saibam que eu, Paulo, já
estive na posição de vocês! Enquanto eu era (aos olhos do meu povo) perfeito na
minha obediência, eu não conhecia nada da graça e da paz de Deus, por meio de
Jesus Cristo. Por fora eu vestia uma roupagem religiosa impressionante, mas a
minha vida não tinha a presença de Deus. Podemos ver nesses versículos que o apóstolo
não queria que os Gálatas cometessem o mesmo erro de seu passado.
(3) “nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.” (Gálatas 1:17) l ARC
Paulo fornece aqui informações sobre a sua vida, após sua conversão, detalhes estes que explicam um pouco mais o que consta em Atos 9. Depois de seu encontro com Jesus Cristo, ele foi para a “Arábia” (Leste de Damasco). Ali numa região desértica, longe de qualquer influência das tradições de homens, Paulo investiu tempo sozinho com Deus e no secreto cresceu espiritualmente. Este momento foi muito importante, pois esta foi à preparação para o serviço que o aguardava. E ao final do seu tempo na Arábia, voltou para seu ponto de partida, para Damasco na Síria.
Análise
do texto – Vers. 18 ao 24
(1)
“Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele
quinze dias. E não vi a nenhum outro
dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não
minto.” (Gálatas 1:18-20
l ARC.
Após o tempo de
aperfeiçoamento, Paulo agora vai ter com Pedro, esses dias com o apóstolo foi
para se adaptar e conhecer de perto a igreja do Senhor, haja vista que nesse
tempo Paulo estava preparado para começar o ministério que o senhor lhe
confiara. Além de Pedro, Paulo encontrou Tiago irmão do Senhor Jesus. Isso nos
ensina que é necessário esperar o tempo de Deus, não podemos atropelar os
processos e começar antes de termos a plena convicção da chamada e do propósito
de Deus.
(2) “Depois, fui para as partes da Síria e da Cilícia. E não era conhecido
de vista das igrejas da Judeia, que estavam em Cristo; mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos
perseguiu anuncia, agora, a fé que, antes, destruía. E glorificavam a Deus a respeito de mim.” (Gálatas
1:21-24).
Uma vez preparado, Paulo
não perde tempo e começa a evangelizar e apregoar a palavra do Senhor. Ao ler o texto e o contexto é possível
ver que, notícias sobre o ministério contínuo de Paulo em Tarso e nas regiões
vizinhas chegavam constantemente às igrejas da Judeia (Jerusalém). O capítulo
termina com o relato da percepção da transformação de Paulo. Um perseguidor
agora era o pregador e anunciador de coisas boas, isto fez com que muito
glorificassem a Deus.
Deus abençoe!
Pr Paulo
Diego Alves
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