ANÁLISE DO EVANGELHO DE JOÃO – CAPÍTULO 2 (Estudo/Esboço/Explicação)

análise evangelho de João capitulo 02, biblia sagrada, comentário evangelho de João, esboço do Evangelho de João, estudo bíblico, Estudo capitulo 02 de João, João 2 comentário, estudo bíblico grátis


ANÁLISE DO EVANGELHO DE JOÃO – CAPÍTULO 2
(2.1-25)
___________________________________________________________

Introdução –


O contexto em que o capítulo 2 do Evangelho de João acontece é 3 dias após o batismo de Jesus no rio Jordão. Faz parte do primeiro ano do ministério terreno de Jesus, naquilo que chamamos de o “Ministério de Jesus na Galileia”, pois nesse primeiro ano Jesus concentra sua pregação, ensino e operação de sinais, na região da Galileia, onde Ele morava.
Como um judeu piedoso, Ele sobe a Jerusalém nos dias festivos obrigatórios conforme escrito na Lei dada a Moisés, a saber: Páscoa, Festas das Semanas (Pentecostes no NT) e Tabernáculos (Dt 16.16). Neste capítulo faremos a análise em dois tomos: (1) A sua participação em uma festa de casamento na cidade de Caná; (2) Sua subida a Jerusalém para a Festa da Páscoa.

Análise do texto – Vers. 1-12

Expressões-chave: bodas, vinho, talhas, almudes ou metretas, mestre-sala.

Nesse primeiro tomo encontramos uma típica festa de casamento judaico, e Jesus, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos foram convidados para irem. Não
sabemos qual o grau de relacionamento parental ou de amizade que os noivos tinham com a família de Jesus, mas deveriam ter alguma afinidade, uma vez que não é comum convidar para o casamento pessoas que não são do círculo de amizade.
(1). “E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia [...]” – João 1.1 (ACF).

As “bodas” aqui se refere a um casamento. Normalmente o casamento judaico poderia permanecer durante 7 dias de festividades (Jz 14.12), onde durante esse período novos convidados chegavam todos os dias, entrando e saindo, alguns permaneciam por mais tempo, outros por menos tempo.
Tudo indica que Jesus e os que estavam com Ele chegaram em um dos últimos dias da festa de casamento, pois o vinho já havia acabado (Jo 1.3).
(2). “E faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho” – João 2.3 (ACF).

Imaginem um casamento onde o vinho1 é primordial e parte da cultura da época, acaba antes do final da festividade. Provavelmente o número de convidados foi maior do que o estoque de vinho que o dono da festa possuía. Isso seria uma vergonha para noivo por toda a vida, pois deu uma festa e não pode bancá-la.
(3). “Jesus lhe disse: mulher, em que essa tua preocupação tem a ver comigo? Ainda não é chegada a minha hora” – João 2.4 (KJA).

Embora essa resposta de Jesus pareça em nossa mentalidade ocidental uma forma áspera ou um desrespeito à Maria, era um tratamento comum da época e que posteriormente Jesus usou também com Maria Madalena (Jo 20.15) e novamente com Maria sua mãe no momento da crucificação (Jo 19.26).
Porém o que está em destaque aqui através da expressão “ainda não é chegada a minha hora”, é que Jesus deixou claro que a manifestação pública messiânica que aconteceria devido o primeiro milagre realizado por Ele na terra (Jo 2.11), não estava sujeito a uma ordem humana, mas se essa fosse a vontade do Pai então a hora de se manifestar ao mundo como Messias havia chegado.

(4). “Ora estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas” – João 2.6 (ARA).

1 Vinho: do grego “οἴνου” (vinho novo, ainda não fermentado ou no estágio inicial de fermentação), segundo (LOUW, NIDA, 2013, pg. 71).

Os religiosos judeus haviam estabelecido vários costumes, os quais eles chamavam de “tradição dos pais”. Uma dessas tradições era ter talhas de pedra, que eram recipientes onde se colocava água para que os judeus lavassem suas mãos antes e depois das refeições ou quando retornavam para casa, pois entendiam que esse ritual os purificava de alguma contaminação.
Por isso aquelas talhas estavam ali, para que ao entrar e sair, os convidados lavassem suas mãos, e assim se purificassem. João nos informa que essas talhas podiam conter de duas a três metretas ou em algumas traduções almudes. Ambas são unidades gregas de medida para líquidos equivalente c.2 40 litros 3 cada uma, sendo assim cada talha comportaria 120 litros (3 almudes), ao encher as seis talhas o milagre feito por Jesus foi reabasteceu a adega do anfitrião com aproximadamente 720 litros de vinho, salvando assim o casamento dos noivos.
(5). “E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho [...], chamou o mestre-sala o esposo, e disse-lhe: todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho” – João 2.9-10 (ACF).

O mestre-sala não sabia sobre o milagre de Jesus, apenas os seus assistentes (Jo 2.5-8), após provar o vinho, pela sua experiência notou que o vinho do final do casamento era superior ao que havia sido dado nos primeiros dias do casamento. Esse não era o costume, por isso ficou surpreso. O habitual era servir o melhor vinho nos primeiros dias das bodas e nos últimos dias quando os convidados já estavam de certa maneira embriagados, ou com o paladar acostumado com a bebida pelos vários dias de festa, então se trazia o vinho inferior, que era por vezes misturado com água, se tornando mais barato para o anfitrião da festa.
Mas o mestre-sala notando que esse era superior, achou que o noivo havia guardado o melhor vinho para o final da festa.

Conclusão –
Assim Jesus fez seu primeiro milagre, transformando água em vinho, nos ensinando que Ele veio ao mundo para transformar a vida do ser humano por completo. Quando convidamos Jesus para entrar em nossa vida (assim como no casamento), Ele transforma aquilo que não é atrativo em nossa vida, como a água (inodora, incolor e insípida) em uma vida cheia de alegria e de sentido de existência (simbolizado pelo vinho). Ele muda o final da nossa história, como neste casamento, onde o fim seria a vergonha e desonra, mas agora o fim foi incomparavelmente melhor que o começo (Ec 7.8).
Jesus também ao utilizar as talhas de pedra usadas para cumprir uma tradição inventada pelos judeus, passada por tradição a séculos de pai para filho, estava mostrando sobre a necessidade de mudança que devemos ter, quer da nossa velha e antiga maneira de viver ou da tradição de nossos pais que nos foram ensinadas, mas que são contrárias a Palavra de Deus, para viver e desfrutar do novo de Deus e do seu milagre através de uma vida nova com Jesus seu Filho.

Análise do texto – Vers. 13-25

Expressões-chave: Jerusalém, páscoa, templo, cambistas, casa de meu Pai.

No segundo tomo deste capítulo encontramos a narrativa após o casamento em Caná, Jesus e os que estavam com Ele ficaram alguns dias em Cafarnaum, lugar onde Jesus estava morando (Jo 2.12). Porém a Festa da Páscoa se aproximava e como já dissemos era obrigatório para todo judeu subir6 até Jerusalém para celebrar esta festividade que iniciava no dia 14 do mês de abide (Êx 12) ou nisã7 (referente a março e abril do nosso calendário).
Então Jesus subiu a Jerusalém e chegando lá se depara com algo que não deveria estar acontecendo no templo .
(1). “E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambistas assentados” – João 2.14 (ACF).

A venda de animais (bois, ovelhas, pombos) para sacrifício era uma prática que já fazia parte do costume dos judeus (Dt 14.23-26). Alguns judeus moravam muito distante de Jerusalém e preferiam comprar tais animais em Jerusalém, para que porventura na viagem não acontecesse de morrer ou serem roubados e terem prejuízos. Essa foi uma maneira que facilitava por assim dizer a vida daquele que subia nas festividades para adorar a Deus no templo em Jerusalém.
Os cambistas estavam ali para trocar o dinheiro para os judeus que vinham de outros lugares e precisavam tanto comprar os animais para o sacrifício, como também para o pagamento do imposto do templo, que era cobrado de todos os judeus adultos do sexo masculino. Tanto os que vendiam os animais como os cambistas, ficavam no chamado átrio dos gentios.
(2). “E tendo feito um açoite de cordões, lançou todos para fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambistas e derrubou as mesas” – João 2.15 (ACF).

Mesmo o lugar onde se vendia e se cambiava o dinheiro não sendo propriamente dentro do templo, Jesus nos deu a entender que esse lugar no conceito divino fazia parte do templo. Jesus ficou indignado com aquela imensidão de animais e pessoas no templo e sem demora espantou a todos, acabando com o comércio já estabelecido no templo.
(3). “[...] não façais da casa de meu Pai casa de venda” – João 2.16 (ACF).

O motivo pelo qual Ele fez isso foi porque haviam mudado o propósito de se estarem ali, ao invés de ser um lugar de buscar a Deus em oração, virou um local para ganhar dinheiro, onde os cambistas na maioria das vezes extorquiam os que ali vinham trocar seu dinheiro.
A ordem é imperativa, “não façais” do templo um lugar com o propósito diferente daquele que deveria ser o único: adorar a Deus em espírito e em verdade.
(4). “[...] destruí este templo, e em três dias o levantarei” – João 2.19 (ACF)

Após Jesus ter purificado o templo, os judeus o questionaram a respeito do que havia feito (Jo 2.18), e como resposta Jesus disse que o templo seria destruído e restaurado em três dias.
O templo de Jerusalém nos dias de Jesus  era uma ampliação do templo reconstruído pelos judeus após o retorno do cativeiro na Babilônia. Essa ampliação havia iniciado por volta do ano 19 a.C. por ordem de Herodes, o grande que era na época quem governava a Judeia. Nos dias em que Jesus purificou o templo essa ampliação já durava 46 anos (Jo 2.20) e só terminaria no ano 64 d.C.
Porém Jesus não estava falando que destruiria o templo físico em Jerusalém, mas já anunciava de forma alegórica a sua morte e ressurreição (Jo 2.21-22).
Jesus assim participa de sua primeira Páscoa em Jerusalém, fez muitos sinais e por causa disso muitos creram nEle, embora Ele soubesse que nem todos eram verdadeiros (Jo 2.23-25).


Conclusão –

Jesus nos ensinou nesse tomo sobre zelo pelo culto a Deus e pela forma com que devemos nos portar na casa de Deus. Se muitos estão sendo negligentes como os vendedores e cambistas que ali estavam apenas por motivos egoístas, não oferecendo nada a Deus, mas sendo oportunistas, nós por outro lado devemos ter entendimento, de que Deus não aceita nada menos do que o verdadeiro culto prestado a Ele, com zelo e com um coração desejoso de dar algo a Ele, e não um coração que quer apenas receber dEle.

Share:

Um comentário:

Deixe seu comentário ele é muito importante para nós!
Sinta-se a vontade para elogiar, dar ideia de estudo ou falar algo sobre sua experiência em nossa página.

* Comentários ofensivos serão deletados.

Um grande abraço!

Att:Paulo Diego Alves