Epístola aos Gálatas – CAPÍTULO 04 (Explicação/ Estudo/Esboço)

ANÁLISE DA CARTA DE PAULO AOS GÁLATAS – CAPÍTULO 4 (4.1-31)

Análise do texto – Vers. 1-21

(1). “Digo, porém, o seguinte: durante o tempo em que o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, mesmo sendo senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até o tempo predeterminado pelo pai. Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados aos rudimentos do mundo. Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos” – Gálatas 4.1-5 (NAA).

Durante a dispensação da lei, como aplicação espiritual dessa ilustração, Paulo se alicerça no fato de que em uma família nobre antiga, embora o menino, filho do senhor, fosse o herdeiro em potencial de tudo, não desfrutava dessa exaltada posição de herdeiro, vivia em estado de treinamento infantil, sob educação e disciplina, estando sujeito à orientação de algum escravo que tinha autoridade sobe ele.

A lei, por conseguinte, conserva um indivíduo debaixo dessa baixa posição espiritual até que ele seja liberado pela graça, e então venha a participar nas grandes e elevadas bençãos que estão envolvidas na lei.

Quando chegou o tempo exato, Deus enviou a Jesus, e Ele nasceu de uma mulher para ser como um de nós e ser representante da humanidade, e Jesus veio sob a lei para resgatar aqueles que estavam debaixo da lei, para que ao crerem em seu sacrifício se tornem filhos de Deus por adoção.

Jesus é o único Filho de Deus, por isso João diz “Unigênito do Pai” (Jo 3.16), mas ao sermos adotados por Deus devido nossa fé, nos tornamos herdeiros, tendo os mesmos direitos do Filho. Por isso reinaremos com Ele e vivermos com Ele.

(2). “E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho ao nosso coração, e esse Espírito clama: “Aba, Pai!”” – Gálatas 4.6 (NAA).

Uma das bençãos dadas aos que se tornam filhos de Deus mediante a fé em Jesus é receber o seu Espírito. O Espírito Santo é o selo que nos torna propriedade de Deus e que nos da a garantia que a promessa da vida eterna será cumprida (Ef 1.13-14).

O Espírito Santo que habita em nós testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus, ou seja, Ele nos convence e nos dá essa esperança. E por isso que desejamos estar com o Pai, e é por isso que ansiamos amá-lo e adorá-lo. A palavra “Aba” de origem aramaica é um termo usado para referenciar ternura carinhosa por um filho amado, ou seja, em uma relação afetuosa e dependente com o pai, é como se o Espírito Santo que habita em nós fizesse-nos chamar Deus de “papai” ou “paizinho”, uma forma carinhosa de demonstrar nosso sentimento de amor por Deus.

(3). “Assim, você já não é mais escravo, porém filho; e, sendo filho, também é herdeiro por Deus” – Gálatas 4.7 (NAA).

Antes de nos tornarmos filhos de Deus, éramos escravos das trevas através do pecado, porém quando alcançamos a filiação através de Jesus nos tornamos também herdeiros. Mas qual é nossa herança? Com certeza Paulo está falando da vida eterna. Esta herança é um direito apenas para aqueles que se tornam filhos.

(4). “Mas, no passado, quando não conheciam a Deus, vocês eram escravos de deuses que, por natureza, não são deuses. Mas agora que vocês conhecem a Deus, ou melhor, agora que vocês são conhecidos por Deus,

como é que estão voltando outra vez aos rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo querem servir como escravos? Vocês guardam dias, meses, tempos e anos. Receio que o meu trabalho por vocês tenha sido em vão” – Gálatas 4.8-11 (NAA).

Paulo agora volta a lhes falar sobre a vida passada anterior a Cristo, a vida antes de aceitarem ao Filho de Deus, quando ainda não conheciam a Deus e por não conhecerem ao Deus verdadeiro, serviam aos deuses que na realidade não são deuses, mas que na verdade são falsos deuses.

Mas agora por terem aceitado Jesus, Deus os conhece, seus nomes são conhecidos no reino celestial como aqueles que acreditaram na mensagem do evangelho. Porém, alguns estavam querendo voltar para a escravidão da lei e abandonar a liberdade do evangelho de Cristo. As expressões guardar dias, meses, tempos e anos, se refere aos sábados, aos dias de festas que faziam parte das ordenanças da lei. Aos que estavam pensando em voltar para lei como meio de se justificar diante de Deus, Paulo diz que seu trabalho foi em vão, pois Paulo não pregou sobre a lei a eles, mas sobre Jesus Cristo.

(5). “E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne; E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me recebestes como um anjo de Deus, como Jesus Cristo mesmo. Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis. Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” – Gálatas 4.13-16 (ACF).

Paulo relembra quando ele pregou o evangelho pela primeira vez a eles, ele estava enfermo e mesmo assim eles receberam a palavra que ele pregou. Provavelmente Paulo queria dizer sobre o poder do evangelho que ele mesmo anunciava (1Co 4.20) e que Deus manifestava através dele.

Porém naquele momento ele estava enfermo e isso poderia parecer uma contradição daquilo que ele pregava. Mas os Gálatas o trataram não com desprezo, mas se pudessem tirariam seus próprios olhos para dar ao apóstolo, talvez indicando que a enfermidade do apóstolo fosse nos olhos.

E o que Paulo pregou foi apenas a verdade a eles, e então por prega-lhes a verdade se tornou inimigo deles? De forma alguma, pois os verdadeiros amigos falam sempre a verdade, por mais que seja confrontante como provavelmente foi com eles.

(6). “Esses que se mostram tão zelosos em relação a vocês não estão sendo sinceros. O que eles querem é afastar vocês de mim, para que vocês se interessem por eles. É bom ser sempre zeloso pelo bem e não apenas quando estou com vocês, meus filhos, por quem, de novo, estou sofrendo as dores de parto, até que Cristo seja formado em vocês. Bem que eu gostaria de estar agora aí com vocês e falar em outro tom de voz, porque estou perplexo com vocês” – Gálatas 4.17-20 (NAA).

Paulo estava perplexo por saber que estavam se afastando do verdadeiro evangelho por aqueles que diziam ser zelosos, mas que na verdade apenas estavam os enganando.

Paulo os chama de filhos, pois foi através dele que Jesus fez eles “nasceram de novo”, e como um pai no sentido espiritual dos Gálatas queria estar naquele momento lhes falando face a face, para que assim como um pai que corrige seus filhos usando um tom de voz mais enérgico, assim ele procederia..

(7). “Digam-me vocês, os que querem estar sob a lei: será que vocês não ouvem o que a lei diz? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos: um da mulher escrava e outro da mulher livre. O filho da escrava nasceu segundo a carne; o filho da mulher livre nasceu mediante a promessa. Estas coisas são alegóricas, porque essas mulheres são duas alianças. Uma se refere ao monte Sinai, que gera para a escravidão; esta é Agar. Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com os seus filhos. Mas a Jerusalém lá de cima é livre e ela é a nossa mãe. Porque está escrito: Alegre-se, ó estéril, você que não dá à luz; exulte e grite, você que não sente dores de parto; porque os filhos da mulher abandonada são mais numerosos do que os filhos da que tem marido. Mas vocês, irmãos, são filhos da promessa, como Isaque. Como, porém, no passado, aquele que nasceu segundo a carne perseguia o que nasceu segundo o Espírito, assim também acontece agora. Mas o que diz a Escritura? Ela diz: Mande embora a escrava e seu filho, porque de modo nenhum o filho da escrava será herdeiro com o filho da mulher livre. Portanto, irmãos, somos filhos não da escrava, mas da livre” – Gálatas 4.21-31 (NAA).

Nos últimos versículos o apóstolo usa de uma alegoria para fazer uma comparação entre os que querem viver segundo a lei e os que querem viver segundo a promessa. Usando a figura de Sara e Agar e dos filhos de Abraão, Isaque e Ismael.

Agar representa a aliança do antigo testamento, onde a lei era a maneira que Deus estabeleceu até a vinda de Jesus (Gl 3.24), Ismael representa o filho da escrava, que embora também fosse filho de Abraão sempre foi filho da escrava Agar.

Sara representa a aliança do novo testamento, através do sangue de Jesus, Isaque não foi filho da escrava, mas da livre e a promessa foi feita a Isaque e não a Ismael, assim também a promessa de vida eterna não é para os que vivem debaixo da escravidão da lei, mas para aqueles que pela fé são livres.

Assim todo aquele que quer ser justificado pela lei dada a Moisés está ainda escravo da lei, e pela lei jamais será justificado diante de Deus (Gl 2.16), mas todo aquele que pela fé busca ser aceito por Deus, então o tal se tornou herdeiro da vida eterna.

Pastor Urias Junior