Introdução –
O
capítulo 5 do Evangelho de João inicia com Jesus subindo novamente a Jerusalém
para uma festa (Jo
5.1). Embora João não informe qual era esta festa, deduzimos que essa festividade é
a Festa de
Pentecostes que acontecia 50 dias depois da Páscoa, a qual Jesus participou anteriormente no capítulo 2 (Jo 2.13, 23).
Nesse
capítulo 5 faremos a análise em duas partes: (1) A cura
de um homem paralítico no tanque de Betesda (2) E o ensino de verdades espirituais aos
judeus que não criam que Ele era o Filho de Deus.
Análise do texto – Vers. 1-15
Expressões-chave:
porta das ovelhas, alpendres, Betesda, anjo, paralítico.
(1). “Ora, existe ali, junto à Porta das Ovelhas, um tanque, chamado
em hebraico
Betesda, o qual tem cinco alpendres” – João 5.2 (ARA/ACF).
Desde os tempos do AT (Ne 3.1) à
porta das
ovelhas era o lugar de entrada das ovelhas que eram
levadas para o templo, elas eram conduzidas por
esta porta e levadas aos tanques que haviam ali, onde eram lavadas e
então preparadas para os sacrifícios no templo. Ali havia um desses tanques que
era chamado de tanque
de Betesda, para alguns estudiosos Betesda significa “casa de misericórdia”.
Ali
havia cinco entradas que levavam até o tanque, chamadas aqui de alpendres. Ao
chegar ali Jesus se deparou com uma
grande multidão de pessoas enfermas, cegas, coxas,
paralíticas (Jo 5.3).
(2). “Esperando que se movesse a água.
Porquanto um anjo descia em certo
tempo, agitando-a; e o
primeiro que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse” – João 5.4 (ARA).
Aqui vemos
uma informação que talvez nos explique o porque desse
tanque ser chamado de Betesda (casa de misericórdia), pois ali a
misericórdia de Deus para com o seu povo se manifestava, pois um anjo descia do
céu e tocava na água, e ao tocar, quem entrava no tanque e tocava nas águas primeiro
recebia a sua cura.
(3). “Estava ali
um homem enfermo havia trinta
e oito anos. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser curado?
Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não
tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada;
pois, enquanto eu vou,
desce outro antes de mim” – João
5.5-7 (ARA).
Quando
Jesus chegou no tanque havia muitas pessoas esperando o anjo descer e tocar nas águas, porém Ele notou que ali havia um homem que esperava
na beira do tanque. Não sabemos os pormenores que levou este homem a estar
nessa condição de enfermidade, mas o texto nos informa que a trinta e oito anos estava naquela condição.
Como
ninguém sabia quando o anjo desceria, as pessoas se aglomeravam naquele lugar,
outras desistiam por cansar de esperar e talvez voltavam
em outro dia para “tentar a sorte”. A situação desse homem é interessante, pois talvez fosse a pessoa que mais tempo estava enfermo
entre os que estavam ali. Trinta e oito anos naquela situação devia ser desesperador.
Porém
ninguém olhava dessa forma, mas cada um queria “o seu milagre”, ninguém queria por assim dizer “ceder a sua vez” a alguém
que necessitava mais do
milagre do que qualquer outro
naquele lugar. Mas Jesus não é assim,
Ele olhou para a necessidade daquele
homem e para sua incapacidade de receber pela
ajuda de outra pessoa e disse ao homem: Levanta-te, toma teu leito, e
anda (Jo
5.8). A sua fé até aquele momento
estava no anjo, mas a partir daquele
dia sua fé estaria no Filho de Deus.
Hoje muitos
correm atrás de anjos, oram aos anjos, fazem campanhas
para receber o anjo. Até aqui Deus na sua misericórdia enviava um anjo
para trazer o milagre, mas depois que Jesus veio
ao mundo, é Jesus quem
cura, restaura, salva
e abençoa. Qualquer busca por anjos ou oração aos anjos é idolatria,
pois tira a Glória do Filho e coloca aos anjos que são criaturas como nós:
“Ninguém vos roube a seu bel-prazer a palma da corrida, sob pretexto
de humildade e culto dos anjos.
Desencaminham-se estas pessoas em
suas próprias visões e, cheias do vão orgulho de seu
espírito materialista” – Colossenses
2.18 (Versão Católica).
“Prostrei-me aos seus pés para adorá-lo [aos pés do anjo], mas ele me
diz: Não faças isso! Eu
sou um servo, como tu e teus irmãos, possuidores do testemunho de Jesus. Adora a Deus. Porque o espírito profético não é outro que o
testemunho de Jesus” – Apocalipse
19.10 (Versão Católica).
“Fui eu, João, que vi e ouvi estas coisas. Depois
de as ter ouvido e visto,
prostrei-me aos pés do
anjo que as mostrava. Mas ele me
disse: Não faças isto! Sou um servo como tu e
teus irmãos, os profetas, e aqueles que guardam as palavras deste livro. Prostra-te diante de Deus” – Apocalipse
22.8-9 (Versão Católica).
(4). “Depois Jesus
encontrou-o no templo, e
disse-lhe: Eis que já estás são; não
peques mais, para
que não te suceda alguma coisa pior” – João 5.14 (ACF).
Depois
de ser curado por Jesus o homem que estava paralítico foi ao templo, provavelmente para agradecer e adorar a Deus, pois a muito tempo não sabia o que era caminhar livremente
sem auxílio de alguém.
Porém
aqui percebemos pelas palavras ditas por Jesus: “não peques mais”, que havia um motivo
para sua paralisia de trinta e oito anos.
Não sabemos exatamente que
pecado ele cometeu, mas fica claro que algo ele havia feito, e esse foi o motivo
de ficar paralítico. O que ele fez trouxe
sobre ele uma espécie de castigo divino.
Por
isso Jesus ao encontra-se com ele no templo, lhe trouxe um alerta. Se ele voltasse
para a vida de pecado
que o levou àquela situação,
a sua situação se tornaria pior. Que essa declaração seja um alerta para todos nós, que uma vez
tendo o conhecimento da verdade e libertos da escravidão do pecado, não
voltemos a ser escravos, para que nosso estado não seja ainda pior daquele que estávamos antes
de conhecer a Jesus, conforme disse Pedro:
“Porquanto
se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado
pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o
caminho da justiça, do que, conhecendo-o,
desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” – 2Pedro 2.20-21 (ACF).
Conclusão –
Pudemos
nesse primeiro tópico observar e aprender que existem pessoas que
estão muito mais necessitadas de um agir de Deus na vida delas do que nós, e que muitas vezes somos
orgulhosos, buscamos pelo
“nosso
milagre”, “nossos
interesses”, e esquecemos
de ajudar essas pessoas.
Muitas vezes
nem sequer apresentamos a elas àquele
que pode levantá-las para uma nova vida. Às vezes
a resposta que temos buscado e pedido não vem devido nosso egoísmo, queremos só
para nós e não repartimos com os demais.
Também
aprendemos sobre o perigo de “brincarmos”
com nosso testemunho
diante de Deus. Quando vivemos uma vida errada, sendo uma
pessoa que através do comportamento escandaliza o nome de Jesus,
voltando para a prática da velha
criatura, não podemos esperar outra coisa senão um estado pior que o
anterior ao conhecimento de Cristo.
Análise do texto – Vers. 16-47
Expressões-chave: Pai, Filho,
ressuscita, vivifica, vida eterna, morte eterna, juízo, condenação.
Esse segundo
tópico da nossa análise é uma das passagens mais profundas
e espirituais entre os ensinos de Jesus encontrados nesse evangelho, pois Jesus
fala de conceitos teológicos sobre
sua divindade, sobre
a morte, ressurreição, vida eterna, juízo, condenação, entre outros.
Os
judeus perseguiam e queriam matar Jesus, pois sua popularidade já havia
crescido entre os judeus (Jo
5.16), e a inveja dos religiosos era cada vez
maior. Eles haviam feito do “Sábado” o senhor deles, e
não aceitavam que Jesus operasse
milagres neste dia, pois entendiam que Ele estava indo contra a Lei de Moisés.
(1). “Por isso,
pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia
que Deus era seu próprio
Pai, fazendo- se igual a Deus” – João 5.18 (ACF).
No
debate contra os judeus Jesus declarou que era o “Filho de Deus”, e por isso os judeus entendiam que isso era uma blasfêmia, e tal
pecado pela Lei mosaica levava o indivíduo a pena de morte (Lv 24.10-16). Para a grande maioria dos judeus,
Jesus era o filho de José e Maria, um galileu que ao dizer que
Deus era o seu Pai, estava dizendo que também era divino. Jesus aqui afirma a
sua divindade.
Mas por que é importante entendermos e aceitarmos a divindade de Jesus
Cristo? Se Jesus foi apenas humano, então logo o sacrifício poderia ser feito
através de qualquer homem. Mas sendo também divino pode se oferecer em
sacrifício para expiação dos pecados da humanidade.
Muitos religiosos creem que Jesus veio de Deus, mas que não é divino,
isso é aceitar Jesus
como uma criatura
e, portanto, é negar a sua obra
redentora. Tomé disse à Jesus: “[...] Senhor meu, e Deus meu!” – João 20.28 (ACF).
(2). “Pois assim
como o Pai ressuscita e
vivifica os mortos, assim
também o Filho vivifica
aqueles a quem quer” – João 5.21(NAA).
Jesus agora nos ensina
sobre a obra dEle e do Pai em ressuscitar e vivificar os mortos.
Como Ele mesmo disse: “[...] Deus não é Deus de mortos, mas sim de vivos [...]” – Lucas 20.38 (KJA). Muitas pessoas que ouviam Jesus ali estavam
mortas em um sentido espiritual, mas assim como Deus no AT ressuscitou dando vida a pessoas (vivificar), Ele continua a fazê-lo na
pessoa de Jesus Cristo.
Essa
ressurreição também fala daquelas que acontecerão no futuro, no fim
de todas as coisas, onde acontecerá a primeira ressurreição para
salvos desde Adão até aquele dia, que aqui Jesus chama de “ressurreição da vida” (Jo
5.28-29; Dn 12.2; Ap 20.5-6; 1Ts 4.16-17) e fala também da
segunda
ressurreição para os condenados, também
desde Adão até aquele dia, chamada
aqui por Jesus de “ressurreição
do juízo” (Jo 5.28-29; Dn 12.2;
Ap 20.11- 15).
(3).
“E lhe deu autoridade
para julgar, porque é o Filho do Homem” – João
5.27 (ACF).
Aqui fica claro sobre
a função de Jesus quando retornar à terra. Ele veio em sua primeira vez para “buscar e salvar o que
estava perdido” (Lc 19.10), ao retornar para o Pai tem
sido o advogado que intercede por todo o crente salvo (1Jo 2.1; 1Tm 2.5), porém quando retornar segunda vez virá com mão de ferro (Sl 2.9) julgar os que morreram e os que estiverem vivos (At 10.42; 1Pe 4.5; 2Tm 4.1).
(4). “Vocês
examinam as Escrituras, porque
julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
Contudo, vocês não querem vir a mim para ter vida” – João 5.39-40 (ACF)
Jesus
faz os religiosos refletirem sobre o que eles acreditavam. Todos ali
acreditavam em Deus, na Lei de Moisés, nas promessas feitas a Abraão e que a
vida eterna em Deus estava na obediência daquilo que estava escrito nas
Escrituras.
E
essas mesma Escritura confirmava que aquilo que Jesus falava era a verdade, porém eles não queriam ouvir
e se ouviam não aceitavam. Jesus mesmo disse que a lei, os profetas
e os salmos falavam dEle,
ou seja, apontavam para Ele (Lc 24.44), porém eles não acreditavam.
O próprio
Verbo estava ali diante deles,
a própria Palavra
da vida falava
com eles, e mesmo assim não aceitaram o Filho de Deus. Jesus tentou
abrir os olhos dos judeus para que fossem salvos, mas como Ele mesmo disse:
“Porque, se
vocês, de fato, cressem em Moisés, também creriam em mim; pois ele escreveu a
meu respeito. Se, porém, não creem nos escritos dele, como crerão
nas minhas palavras?” – João 5.46-47 ACF).
Conclusão –
Pudemos
ver nesse segundo tópico Jesus nos ensinando sobre verdades que são fundamentais para que possamos crer da maneira correta em sua pessoa, Ele é Deus na mesma
essência do Pai, porém também
se tornou humano para cumprir o propósito da
redenção humana.
Jesus
nos falou sobre verdades
eternas, para que tenhamos confiança em suas promessas
eternas, mas também nos alertou que haverá um juízo e condenação para os
desobedientes à sua mensagem.
Nos
trouxe um alerta sobre a religiosidade
que cega o homem, pois não adiante saber que
na Bíblia Sagrada está a chave para a vida eterna da humanidade, e não crer e não praticar
o que nela está escrito.
Pastor Urias Junior
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Att:Paulo Diego Alves