Análise da Epístola aos Efésios – CAPÍTULO 04 (Explicação/ Estudo/Esboço)

 


ANÁLISE DA CARTA DE PAULO AOS EFÉSIOS – CAPÍTULO 4

(4.1-32)

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Introdução –

Encontramos quase que na totalidade deste capítulo 4 a orientação do
apóstolo Paulo aos leitores desta epístola a terem uma vida cristã digna do
verdadeiro discípulo de Jesus. Os comportamentos apresentados na vida antes de
Cristo não podem permanecer após aceitá-lo, mas uma nova vida em deve ser
vivida. Também Paulo apresenta os cinco ministérios que Jesus concedeu aos que
creem em seu nome, tendo como objetivo aperfeiçoar e edificar o corpo.

Análise do texto – Vers. 1-32

(1). “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da
vocação com que fostes chamados” – Efésios 4.1 (ACF).
A expressão “andeis” fala do estilo de vida do agora cristão, pois Jesus nos
chamou para andar de forma condizente com a aceitação do evangelho.

(2). “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos
uns aos outros em amor” – Efésios 4.2 (ACF).
A partir desse momento Paulo vai pontuar as virtudes que devem fazer
parte da vida do cristão. A humildade é a primeira, a palavra no grego é
“ταπεινοφροσύνη”, cujo significado é modéstia, ter opinião humilde de si mesmo,
em outras palavras Paulo que dizer que os cristãos não devem “se achar”
(expressão popularmente usada por uma pessoa que se sente melhor que a
outra). A falta de humildade ou a falsa humildade não agrada a Deus e não faz
parte da conduta cristã.
A segunda virtude é a mansidão, o cristão deve ser manso. É bem verdade
que a mansidão está ligada ao domínio próprio. Moisés era o homem mais manso
de toda a terra (Nm 12.3), e mesmo em meio a tantas situações onde o povo de
Israel se levantava contra a sua liderança, ele se mantinha calmo e ainda orava pelo
povo rebelde no deserto. Assim aprendemos que a mansidão faz parte da vida diária
daqueles que deixam ser moldados pelo Senhor, assim como Moisés.
A terceira virtude é a longanimidade, que é a virtude que nos faz ser
tolerantes em situações que nos ofendem, termos paciência com aqueles que nos
insultam, assim como Deus foi no tempo da nossa ignorância.
O apóstolo conclui esse versículo orientando-os a suportarem os demais
cristãos diante de suas fraquezas, porém a recomendação é para que haja amor,
pois se não houver amor não guardaremos a unidade (Ef 4.3).
(3). “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em
uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só
batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em
todos vós” – Efésios 4.4-6 (ACF).
Paulo agora fala da “unidade”, falando sobre a unidade do corpo, existe
apenas um só corpo, esse corpo aqui se refere a igreja de Cristo, que embora
existam várias denominações, existe apenas uma igreja de salvos e que fazem
parte do corpo.
Um só Espírito é o que opera nesse corpo, o Espírito Santo que foi dado
aos membros desse corpo para que façam segundo a vontade desse Espírito.
Também há uma só esperança, esperança essa que não estão em coisas desse
mundo, mas aquela que foi prometida por Jesus na sua volta (Jo 14.1-3).
Ninguém pode exercer domínio na vida do crente, pois ele já tem um Senhor,
Jesus.

Uma só fé, o elemento que leva o indivíduo a salvação, e ela não está em
uma denominação, nem em uma estrutura de regras, mas em uma pessoa
chamada Jesus. Um só batismo, deixando claro que o rebatismo é antibíblico, a
não ser que este batismo tenha sido feito da maneira incorreta ou por um grupo
religioso que não professa o verdadeiro evangelho. Um só Deus e Pai de todos,
aquele que enviou a Jesus e que por aceitarmos a ele nos fez seus filhos pela fé
através da adoção (Jo 1.12; Ef 1.5).
(4). “E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a medida do dom de
Cristo. Por isso diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens. Ora, o que quer dizer ele subiu, senão que
também havia descido até as regiões inferiores da terra? Aquele que desceu
é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as
coisas” – Efésios 4.7-10 (NAA).
Quando Cristo voltou para o Pai deu aos homens que o aceitaram dons
através do seu Espírito Santo. Paulo utiliza-se aqui do texto de Salmos 68.18
fazendo alusão daquilo que Jesus fez antes de votar para o Pai e então conceder
dons aos homens. A primeira informação é de que Jesus ao voltar “levou cativo o
cativeiro”, tal expressão é interpretada por alguns estudiosos como sendo os
indivíduos justos que morreram desse Adão até o momento de sua crucificação e
que embora estavam desfrutando do paraíso, estavam próximos ao inferno e viam
os tormentos e sofrimentos que ocorreriam neste lugar (Lc 16.19-31). A segunda
informação é que Jesus ao morrer desceu “até as regiões inferiores da terra”,
local onde estavam os justos no paraíso, tais como Abraão, Moisés, Davi, entre
outros e então os levou quando retornou para o Pai, mudando de lugar o paraíso
(2Co 12.1-4).
(5). “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e
do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de pessoa madura, à
medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos
como crianças, arrastados pelas ondas e levados de um lado para outro
por qualquer vento de doutrina, pela artimanha das pessoas, pela astúcia com
que induzem ao erro” – Efésios 4.11-14 (NAA).
Após Jesus voltar ao Pai, Ele chamou dentre os cristãos alguns para serem
apóstolos e aqui é importante dizer que não foi apenas os doze e Paulo que Jesus

chamou, mas encontramos outros com essa vocação: Tiago, irmão de Jesus (Gl
1.19), Barnabé (At 14.14), Andrônico e Júnias (Rm 16.7) e talvez Timóteo e
Silas (1Ts 2.6-7 nas versões KJ1611, ARC, ACF).
Outros chamou para serem profetas, e aqui não devemos entender como
aquele que tem o dom de profecia. Profeta é uma vocação ministerial e profecia é
um dom espiritual. O profeta aqui é aquele que é o porta voz de Deus,
transmitindo sua mensagem inspirada pelo Espírito Santo.
Também Jesus escolheu alguns para serem evangelistas, aqueles que
anunciam o Evangelho de forma itinerante, como vemos na vida de Filipe, que
hora pregava em Samaria (At 8.5-8), hora pregava para um eunuco (At 9.26-38)
e depois já estava em Azoto e Cesareia(At 9.40).
Alguns foram escolhidos pela vontade de Jesus para serem pastores, líderes
que apascentam o rebanho de Jesus, com um coração pastoral que vemos no
Salmo 23. Ele sendo um mestre por excelência, escolheu dentre os de seu povo
também mestres, para ensinarem o seu povo o caminho da retidão. Assim Paulo
descreve os cinco ministérios apresentados nessa epístola.
Mas qual o propósito de Ele ter vocacionado alguns? Ele mesmo responde:
“para o serviço” e “aperfeiçoamento dos demais cristãos”, para que todos
possam se aproximar da perfeição como cristão e não sejam mais enganados,
passeando de igreja em igreja achando problemas por onde passa como os
meninos na fé.
(6). “Isto, portanto, digo e no Senhor testifico: não vivam mais como os
gentios, que vivem na vaidade dos seus próprios pensamentos, tendo o seu
entendimento obscurecido, separados da vida que Deus concede, por
causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração. Tendo-se
tornado insensíveis, eles se entregaram à libertinagem para, de forma
desenfreada, cometer todo tipo de impureza” – Efésios 4.17-19 (NAA).
Agora o apóstolo os lembra como é o comportamento dos gentios, e que
tal comportamento não deve ser do cristão. Eles vivem segundo a vontade de
seus pensamentos, como seu entendimento está obscurecido (2Co 4.4) as suas
vontades são contrárias a vontade do criador por estarem separados da vida de
Deus.
Não porque Deus não deseje que sejam libertos, mas por seus corações
estarem duros, rejeitam a Graça estendida a eles. Por isso se tornaram insensíveis,
entregues a todo tipo de imoralidade possível, vivendo de forma intensa nesse

padrão imoral. Mas ele não deve ser o comportamento do salvo, pois Cristo nos
libertou de todo esse estilo errado de vida (Ef 4.20-24).

(7). “Por isso, deixando a mentira, que cada um fale a verdade com o seu
próximo, porque somos membros do mesmo corpo. Fiquem irados e não
pequem. Não deixem que o sol se ponha sobre a ira de vocês, nem deem lugar
ao diabo” – Efésios 4.25-27 (NAA).
Quase concluindo esse capítulo, o apóstolo Paulo continua sua série de
exortações e instruções a cerca do comportamento cristão, fazendo agora um
paralelo entre a antiga vida sem Jesus e a mudança após aceitá-lo. A mentira cuja
paternidade tem origem com o diabo (Jo 8.44), não deve mais existir na vida do
cristão, porém a verdade deve ser dita, mesmo que essa seja doída para quem
ouve. A ira é algo aceitável desde que pela motivação correta, assim como vemos
Jesus ficar irado pelo zelo da casa de Deus (Jo 2), porém tal ira não pode
consumir o cristão, ao ponto de transformar-se em mágoa e ódio.
A expressão “não deis lugar ao diabo” é um alerta para cristão ficar em
alerta, pois nosso adversário está como um leão em busca de sua presa (1Pe
5.8).
(8). “Aquele que roubava não roube mais; pelo contrário, trabalhe, fazendo
com as próprias mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o
necessitado. Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja, mas
unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim,
transmita graça aos que ouvem” – Efésios 4.28-29 (NAA).
Ainda dentro do paralelismo Paulo usa o exemplo daquele que outrora
roubava, mas que agora trabalha dignamente e vai além, reparte com aqueles que
estão passando necessidade, pois o evangelho de Cristo transforma o ser
humano.
Também o estilo de conversa do cristão é deferente do mundo, enquanto as
pessoas sem Deus no mundo usam a boca para falar imoralidades, mentir,
amaldiçoar os outros, a boca do cristão deve abençoar e falar palavra que
edifiquem os demais.

(9). “E não entristeçam o Espírito Santo de Deus, no qual vocês foram selados
para o dia da redenção” – Efésios 4.30 (NAA).
Fica claro que o Espírito Santo não é uma força, uma energia, mas sim uma
Pessoa, que se entristece quando o cristão se desvia da verdade. Esse Espírito é o
selo (Ef 1.13) que nos garante a vida eterna, Ele é quem nos ajuda a vencer esse
mundo e o pecado.
(10). “Que não haja no meio de vocês qualquer amargura, indignação, ira,
gritaria e blasfêmia, bem como qualquer maldade. Pelo contrário, sejam
bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês” – Efésios 4.31-32
(NAA).
Paulo conclui esse versículo novamente traçando um paralelo e usando
como exemplo o relacionamento entre os cristãos, sem amargura, indignação, ira,
gritarias, blasfêmia ou maldade, mas assim como Cristo nos perdoou, devemos
também perdoar nossos irmãos, mesmo que estes no relacionamento de alguma
forma nos ofendam.

Pastor Urias Junior
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Att:Paulo Diego Alves